quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A regra insensata


 por Felipe Altarugio

Gols fora de casa realmente valem mais?
Com a volta dos campeonatos disputados em sistema de eliminatórias à nossa rotina, na Sulamericana e na fase pré-grupos da Champions League, volta à tona um assunto controverso e cheio de polêmica: o regulamento que confere importância maior aos gols marcados fora de casa em confrontos de ida e volta.

A regra, adotada na Copa do Brasil, na Libertadores e na Champions League, precisa ser revista. A sua aplicação é, no mínimo, sem sentido algum.

Afinal, o fato de uma equipe ter marcado mais gols na casa do adversário não faz dessa equipe melhor que o rival. Não há lógica alguma.

O pretexto mais utilizado pelos defensores desse sistema é de que, com a regra, a equipe que joga fora de casa é obrigada a sair para o jogo, premiando o time que “valentemente busca marcar gols fora de seu território”. Balela. O que ocorre, na verdade, é uma distorção técnica e tática do confronto.

Pra começar, o argumento acima perde grande parte de sua eficiência se considerarmos a quantidade de equipes que, ao invés de armar a retranca fora de casa, jogam para não sofrer gols em seu próprio estádio. 

Além disso, há uma inversão despropositada, que tira boa parte da vantagem de decidir a classificação em casa. Ou seja, a equipe que faz o primeiro jogo como visitante tem uma grande necessidade de marcar um gol. Caso não o consiga, sua classificação correrá sérios riscos sofrendo um gol em seu estádio.

E nem sempre, um bom resultado fora de casa é premiado. Se um time é derrotado em casa por 2 a 1, por exemplo, e vence por 1 a 0 fora de casa, está eliminado. Por quê? O que faz dessa equipe pior que a outra, considerando apenas os resultados? Nada.

E podemos ir além. A regra se torna ainda pior nos campeonatos organizados pela UEFA, nos quais os gols marcados na prorrogação participam também desse critério. A equipe que decide a classificação em seu estádio tem um verdadeiro ‘abacaxi’ em potencial em suas mãos. Afinal, joga a primeira partida fora de casa, tendo 90 minutos para fazer um gol, e tem, no jogo de volta, 120 minutos para não sofrer o gol. 

E a regra ainda fica mais insensata (pasmem) quando acontecem confrontos disputados no mesmo estádio. Nesses casos, sua aplicação beira o ridículo. 

Lembremos, por exemplo, do confronto entre Inter de Milão e Milan, na semifinal da Champions League da temporada 2002/2003. Após dois empates, por 0 a 0 e por 1 a 1, a Inter deu adeus ao título simplesmente porque o seu nome aparecia primeiro na partida que terminou em 1 a 1. Da mesma forma, o Flamengo foi eliminado na Sulamericana de 2009 pelo Fluminense. Em dois jogos no Maracanã, empate por 0 a 0 com mando rubro-negro e 1 a 1 na partida que teve o Tricolor como mandante.

A regra do ‘gol fora’ é absurda. Não promove justiça alguma. Em alguns casos (nada raros), chega a acontecer o contrário. Está na hora de rever e banir esse tipo de regulamento. O mais sensato a se fazer é deixar os confrontos irem para a prorrogação e, se preciso, para a disputa de pênaltis.

Em tempo: a incoerente regra acaba de fazer mais uma vítima. Pouco antes da conclusão desse texto, o Vasco eliminou o Palmeiras da Copa Sulamericana, mesmo após derrota por 3 a 1. Isso porque fez 2 a 0 em São Januário. Justo?

6 comentários:

  1. Belo blog, muito bacana. Continuem assim, tenho certeza que a cada dia ele irá crescer muito mais!

    Abraços,

    www.jogosarsenalfc.blogspot.com

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  2. Como já havia declarado, partilho da sua opinião. Parabéns pelo post.

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  3. Essa regra é tão tosca que um 0x0 em casa passa a ser bom resultado!

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