quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Que continue Fenômeno


"Não me importa absolutamente nada ter relacionamento com uma pessoa que demonstra duplo caráter." Há dois anos e meio, em evento promovido pela Folha de São Paulo, Ronaldo afirmou não fazer a mínima questão de se relacionar com Ricardo Teixeira. Hoje (01), foi nomeado membro do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014.

Espantoso pensar que o "Fenômeno", pouco tempo depois de abandonar os gramados, já pisa um terreno pantanoso como o da cartolagem. Espantoso, mas não assustador. A mudança repentina de "lado" não surpreende. O poder seduz. E é muito mais fácil atacar Ricardo Teixeira sendo um jogador de futebol do que um empresário do meio esportivo. 

Anunciado pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ronaldo declarou, em entrevista coletiva, que não se desvinculará da 9ine, agência de marketing e consultoria esportiva. A postura é controversa, uma vez que compete a ele, supostamente, tomar decisões no âmbito administrativo. Isso levaria em conta, por exemplo, negociar acordos publicitários, podendo haver, assim, um conflito de interesses.

(Foto: Mowa Press)
Ronaldo fez questão de negar a existência de qualquer fim empresarial na posição que ocupará. Prometeu isenção, empenho e transparência. Cruzemos os dedos. Até porque não se pode sequer afirmar que ele terá autonomia no cargo. Sobram dúvidas quanto ao intuito de Teixeira ao escolher o ex-jogador como homem forte do COL.

Não é nenhum absurdo entender como meramente decorativa a presença de Ronaldo no Comitê. A imagem de Ricardo Teixeira anda tão enfraquecida ultimamente que ele tem buscado apoiar-se em figuras influentes. Dessa maneira, foge dos holofotes para articular suas falcatruas sem ser incomodado. 

A escolha de Andrés Sanchez como diretor de seleções da CBF e a nomeação do "Fenômeno" para a cúpula de executivos da Copa de 2014 podem ser cartadas de Teixeira para que sobreviva no comando do futebol brasileiro. Ele sai de cena se aproveitando da popularidade dos "amigos" como nova fachada de seu império.

Ronaldo precisará provar que não será "laranja" de Ricardo Teixeira. Para isso, deverá assumir uma postura atuante, enérgica e, principalmente, honesta em sua função. Que se espelhe em Michel Platini na Copa de 1998, na França. Ou em Franz Beckenbauer no Mundial de 2006, na Alemanha. E que não seja, de modo algum, objeto de manobra do presidente da CBF. 

@felipevaitsman

Um comentário:

  1. Quem não quer levar essa copa de ouro... cheia de grana, de preferência. Sendo amigo do rei (não o Pelé), mas o Ricardo Coração de Ladrão (é isso mesmo???), fica mais fácil o acesso às oportunidades de se dar bem. Um dia isso acaba.

    ResponderExcluir